quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Universal realiza ceia de Natal com moradores de rua

Universal realiza ceia de Natal com moradores de rua

Acolhidos por voluntários, encontram a esperança que estava perdida dentro deles

Na noite da véspera de Natal, muitos costumam se reunir em torno de uma mesa farta, onde todos se encontram muito aprumados e felizes. O nascimento de Jesus deve ser lembrado todos os dias, com alegria, e, para isso, não é necessário requinte. Muito mais importante é refletir sobre o que Ele fez e seguir Seus ensinamentos, celebrando, por sua vez, a vida, a transformação, a gratidão e a solidariedade entre os homens.
Nesse dia 24 de dezembro, pessoas que vivem em situação de rua, em São Paulo, receberam um presente. Tudo começou por volta das 14h30, quando seis ônibus saíram da Universal da João Dias e destinaram-se à região central da capital paulista. Voluntários do Anjos da Madrugada e de outros projetos do grupo de evangelização reuniram-se para convidar cerca de 280 moradores de rua a participar de uma ceia especial de Natal.
Abordar pessoas vivendo em situação de rua pode não ser uma tarefa fácil, mas nada é impossível para quem está determinado a ajudar. A voluntária Dulce Santos, há 8 anos na Universal, realiza o trabalho de evangelização nas ruas há muito tempo e sempre está disposta a colaborar em todos os projetos. “Seguindo a orientação dos pastores, nunca vamos sozinhos, sempre andamos em grupos, e abordamos os moradores com calma e muito respeito. E, hoje, enquanto muitos estão preparando a ceia em casa, nós preferimos fazer a Obra de Deus e ajudar o próximo nas ruas, sem medo”, conta.
Para o chileno radicado no Brasil há cerca de 25 anos, Jorge Huencho, há 15 anos na Universal, entregar a vida para Deus significa ajudar o próximo. “O mais importante para se fazer o trabalho de evangelização com dedicação é ter a presença de Deus dentro de si. Para nós, o Natal é todos os dias, pois a felicidade está dentro de nós, e não é como em muitos pelo mundo que só se sentem felizes nessa época do ano”, explica.
Às 16h30, todos já estavam sendo recebidos na João Dias por mais equipes de voluntários que encaminhavam os moradores até um vestiário. Eles puderam tomar um banho quente e ganharam conjuntos de roupa nova. Depois, passaram por tratamentos de higiene pessoal, como corte de cabelo e de unha, e ainda receberam orientação social, médica e jurídica, diretamente com profissionais voluntários de cada área.
Segundo o obreiro Altamir Luciano, que auxilia na coordenação do projeto Anjos da Madrugada, todo esse trabalho tem como um dos principais objetivos levantar a autoestima das pessoas, para que se valorizem como indivíduo e transformem suas vidas. “O mais importante é que o convite para participar das reuniões e desses eventos é feito de forma espontânea, ninguém vai obrigado. Aqueles que já nos conhecem, respeitam e confiam tanto que acabam ajudando a recrutar mais pessoas. Alguns deles deixaram as ruas e já arrumaram emprego”, afirma.
Gersina de Jesus da Silva, de 37 anos, está há exatos 90 dias vivendo em situação de rua com o esposo e duas filhas, depois de sofrer uma trombose, perder o emprego e não dar conta de pagar o aluguel. Hoje, ela é líder do local conhecido como a Tenda do Parque Dom Pedro (comunidade de pessoas em situação de rua, que nasceu no entorno de um centro de apoio criado pela Prefeitura em 2009).
“Eu acredito na mudança. Nós temos sido acompanhados pelo grupo de evangelização da Universal, e só temos a agradecer pela ajuda deles. São ações como essa que nos ajudam a ter a esperança de uma vida melhor. Porque quando estamos na rua, não precisamos de dinheiro, nem de prata, nem de ouro. Na rua, nós precisamos de carinho e atenção, e de alguém que saiba a verdadeira necessidade interior de cada um”, conclui Gersina.
Ao anoitecer, por volta das 20h, minutos antes da tão esperada ceia, todos puderam acalmar os seus corações e preencher suas almas com uma palavra de fé ministrada pelo bispo Clodomir Santos. Eles receberam uma mensagem de amor e foram estimulados a lutar contra a situação em que vivem atualmente nas ruas da cidade.
Assim como, o senhor José Alves de Souza, de 68 anos. Ele afirma estar há tanto tempo nas ruas que não se lembra exatamente quantos anos faz. Ex-motorista de ônibus, ele se arrepende de ter deixado a mãe de suas filhas. “Eu me iludi com outras mulheres. Depois, fiquei desempregado e só fazendo bicos e não consegui mais me manter. Minha filha Rosana chegou a me procurar, mas tive vergonha de pedir ajuda. Hoje, sinto que está na hora de eu me perdoar e seguir em frente buscando mudar de vida e sair das ruas”, diz.


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